Acredito que nesta semana foi decretado feriado prolongado no céu. Desde a chegada da querida Edite Silva, o piano de Ivan e a voz de Maria Célia não param de embalar os salões. Pois Edite sabia como preparar uma boa festa. Ah se sabia!
Edite era uma cronista fantastica. Nascida em 1921, em uma época dificil para as mulheres, ela revolucionou a sociedade. Sempre pra frente e liberal, ia do bordado ao campo de futebol, com a mesma elegância. Não terminou o colégio, mas dava aula e fazia trabalho para professoras de faculdades de botar qualquer enciclopédia no chinelo.
Filha de família tradicional mineira, tinha histórias incríveis sobre os jantares que ofereciam para Jucelino Kubitschek e seu namorico com Trancredo Neves em São João Del Rei.
Portadora de incontáveis diplomas e trofeus em merito, ocupava, desde 1961, a cadeira n° 29 da Academia Divinopolitana de Letras, como instituidora. Sua obra solo, com 2 volumes: Pontos de Vista, os quais representam o melhor de mais de 50 anos de crônicas, que escrevia semanalmente para rádio e jornais, sem cobrar nada.
Mas essa não foi somente a Edite que conheci. Conheci a mãe zelosa, a avó carinhosa. Sua casa era sempre farta e ninguém saía sem levar uma vasilhinha com sua comida deliciosa. Simplesmente deliciosa. Da comida ao doce, tudo era perfeio. Era um sofrimento para ela fazer pouca comida, pois ela tinha que distribuir entre todos. Sua generosidade era enorme. E fora que quase todas as vezes se desfazia de algum objeto pessoal para presentear alguém.
Enquanto o céu está em festa, aqui estamos em luto, pois Divinópolis perdeu, aos 90 anos, sua maior defensora, minha família perdeu sua matriarca e eu uma avó maravilhosa e sem igual. A saudade é arrebatadora, mas desejamos que você esteja em paz e que nos guie como sempre fez.
Te amaremos para sempre minha querida!!!
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Em um de seus discursos improvisados. |
Abaixo uma das crônicas que ela fez quando me formei:
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PONTOS DE VISTA: ( EDITE SILVA)
Querida neta Brenda Rios
Grandes são os nossos momentos diante da realidade de olharmos para dentro de nós, e sentirmos grande orgulho de você.
Existem as compensações diante da vida, e a sua vitória é o escrénio da luta de pais como você tem.
Deus teve o sentido da luta do cérebro para vencer as compensações que são as vitórias do amanhã.
Orgulhamos de vê-la numa faculdade que a levará ao exterior para trazer não apenas o conhecimento da realidade da vida, mas a verdade por combatê-la e dar a Divinópolis o tributo de ser a sua terra, o cordão de sua vitória do hoje para o amanhã.
A nossa verdade da vida, ao nos idealizarmos a coragem, não é apenas vencê-la, é colocar também a consciência perante os mestres, e fazermos deles, os responsáveis pela nossa vitória ante o mundo em que vivemos.
Ao respeitarmos o imperativo da nossa vontade, tão berço e tão família , fazemos da coragem o orgulho aos nossos sentimentos diante a pátria nosso berço.
As migalhas do tempo nos trazem a certeza de que o seu amanhã será grato aos pais, aos mestres, como se fossem ditadas as correntezas do ideal. E você, digna do lar que a enviou a faculdade de vencer pelas verdades da consciência e fazer do comércio exterior a pira da sua própria razão de vitória para seus pais, seus avós, dando-lhes o direito de dar a Divinópolis sua terra, seu berço, e fazer o amanhã nossa vitória.
Sua avó Edite Silva dá á sua coragem o voto de dar ao Brasil o tributo de tê-la como todos ideais o bravo verde e amarelo do pavilhão das grandezas de seus mestres.
Parabéns Brenda, pais, avós e tios, primos e irmãos que fazem hoje, o tributo da sua inteligência.
Edite Silva – cronista. 17/09/2007."
Brenda Rios