quarta-feira, 7 de março de 2012

Risíveis Amores

Já falei e continuo a repetir - Milan Kundera é um dos melhores autores que já li. Desta vez, terminei Risíveis Amores, um livro de contos com sete histórias distintas. Todas elas, como de costume, se passam na Tchecoeslováquia durante o período socialista e, por isso, todas elas, mesmo não tendo este regime como foco, são permeadas por ele. Tal presença pode ser sentida, no caso desta obra, em momentos mais explícitos - como quando um dos personagem sofre perseguição por ser visto saindo de uma Igreja - e em momento mais implícitos. Neste último caso, o Socialismo, mais precisamente a falta de liberdade do mesmo, se faz presente a todo momento já que transforma as relações humanas especialmente quando se trata dos relacionamentos amorosos.

Pode ser que eu esteja enganada em relação a afirmação feita acima, mas, ao longo da leitura do livro, senti a todo momento a necessidade dos personagens de afirmarem sua liberdade por meio dos relacionamentos sexuais - a não aceitação da fidelidade, a busca constante pelo maior número de parceiras possíveis e a banalização desta dança - são uma constante nos contos e me fizeram pensar que são um reflexo de uma sociedade opressora em todos os demais aspectos da vida.

No cenário em que o livro é escrito, a carreira é definida pelo governo, as amizades são controladas, a religião é execrada e até o destino de férias deve ser aprovado por uma junta. Desta forma, os relacionamentos amorosos são a única forma do indivíduo ser livre e, por isso, sua liberdade neste sentido deve ser extrema e constante.

De toda forma, o livro mais uma vez me surpreendeu pela beleza. Entretanto, desta vez, não senti aquele ritmo leve e melancólico que, para mim, já é característico de Milan Kundera.

Bárbara

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