terça-feira, 22 de novembro de 2011

Moby Dick

Eu e o capitão Acab passamos cerca de dois meses juntos e mesmo assim ainda estou tendo dificuldades com a linguagem de navegação adotada por ele. De toda forma, a obsessão que possui por este imenso cachalote batizado por muitos como Moby Dick e por alguns como o Grande Cachalote Branco parece que perpassa toda a sua existência, transformando sua vida em algo que não faz sentido nenhum sem este objetivo, esta obsessão. Aparentemente seu confronto anterior com o animal conseguiu amputar mais do que simplesmete sua perna, amputou parte de sua alma - a parte boa, benevolente e compreensiva. 

Apesar da loucura ser parte apenas de Acab, toda a equipe do baleeiro Pequod o apoia em sua procura por revanche, a não ser um dos imediatos, para mim o mais racional deles, Starbuck. Ainda não sei se todo este apoio é por simpatia, por coragem ou apenas para conquistar a moeda de ouro inca pregada no mastro principal do navio e a espera do primeiro que colocar os olhos em Moby Dick.

De toda forma, a vida baleeira é cheia de pecualiridades e enquanto navegamos pelos mares do mundo podemos entender um pouco mais dos processos da caça e do preparo do cachalote até se transformar em óleo, da hierarquia presente na vida cotidiana e das supertições dos tripulantes - e olha que são muitas já que cada um deles é proveniente de um rincão deste imenso planeta. Veja por exemplo o marinheiro da Ilha de Man, para ele tudo é motivo de presságio, seja ele positivo ou negativo. 

Fora estas pequenas esquisitisses de cada um, a convivência é tranquila ao longo dos três anos que duram a viagem. O trabalho é árduo, muitas vezes os marinheiros passam a madrugada em trabalho para que tudo sai da maneira esperada. Entretanto, apesar de todos trabalharem muito, são os três arpoadores - Tashtego, Quiqueg e Dagu, os que mais são atarefados já que são responsáveis pela arpoada inicial e principal durante a caça e ainda tem papel fundamental na retirada do rico espermacete e de toda a gordura do corpo da baleia, se arriscando durante todo este processo.

A vida no Pequod pode ser muito interessante especialmente por estes detalhes da vida cotidiana, mas pode também ser até um pouco sombria, especialmente pelo ar determinado, melancólico e um pouco louco do capitão da embarcação. De toda forma, o principal evento, o mais esperado, o mais temido surge quando a viagem está quase em seu fim e Nantuck - local de onde partem os baleeiros norte americanos - já parece um sonho provável. Neste embate tão ansiado, fica difícil saber quem merece o quê. Já que Acab quer acabar com Moby Dick, responsável por transformar sua vida em um inferno, e o cachalote quer simplesmente a vida, apesar de ter sido responsável pela morte de centenas de homens. Veremos quem sairá vencedor, se é que existirá algum...

Bárbara 

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